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Mulheres e o estradiol


As hormonas são substâncias químicas fabricadas pelo vosso corpo, que circulam no vosso sangue, e que vão ligar-se a tecidos alvo para lhes modificar o funcionamento.

Esta é uma forma muito conveniente para a glândula que produz a hormona, de exercer um efeito à distância sobre o órgão-alvo, sem ter a necessidade de se mover.

O exemplo mais conhecido é o das hormonas sexuais. No princípio da adolescência, várias glândulas no corpo das crianças, começam a produzir hormonas, que desencadeiam alterações prodigiosas:
Crianças de bochechas rechonchudas tornam-se ossudas, então, o cabelo fica comprido e feio ao primeiro desbaste. Mas em breve, é uma relva, para não dizer um tapete, que cobre a sua pele tão suave, que não podemos deixar de abraçar.
Os pés, o nariz e outros órgãos, que não citarei, crescem de forma inquietante: os dedos dos pés bonitos e pequenos do bébé, transformam-se, passando a exigir uma limpeza diária, por causa dos maus odores.
Mas, é o preço a pagar, para que alguns anos mais tarde, ecloda um homem jovem e bonito que faz virar a cabeça às donzelas.

Com as mulheres, conhecemos, claro, as alterações na anatomia, mas elas parecem muito mais agradáveis. Com a produção de hormonas femininas começam numa idade de ouro, que dura mais de 30 anos: este é o momento em que os ovários produzem em plena capacidade, o estradiol.


A hormona rainha das mulheres

Há muitas hormonas femininas, mas a mais importante é, de longe, o estradiol, o qual é parte da categoria de estrogénio.

O estradiol é produzido pelos ovários durante os anos reprodutivos das mulheres. Em seguida, é derramado na corrente sanguínea e enviado por todo o corpo onde influencia centenas de tecidos e órgãos: o estradiol tem nada menos que 300 tecidos-alvo, nos quais se fixa e modifica (em bom) funcionamento, que é enorme.

A segunda hormona com mais tecidos-alvo é a testosterona, que tem 110 tecidos-alvo, três vezes menos. Note-se que, ao contrário de um preconceito generalizado, a testosterona é tão importante para as mulheres como para os homens. Em ambos os sexos, é a hormona que controla o desejo sexual. Mas voltando ao estradiol, do qual dissemos, que se vai fixar em 300 tecidos-alvo em todo o corpo.

Há, claro, o peito, as ancas, e os ciclos menstruais ... mas o primeiro órgão que é influenciado pela presença de estradiol é o cérebro: todas as células do cérebro das mulheres têm receptores de estradiol: a memória, o humor e um grande número de funções cognitivas são reguladas nas mulheres, pelo estradiol. Estimula o crescimento de células do cérebro e mantém a produção de acetilcolina, um neurotransmissor importante para os neurónios (uma diminuição da acetilcolina, aumenta o risco da doença de Alzheimer).

O segundo órgão mais afetado pela estradiol é o coração e as artérias: diz-se muitas vezes que as mulheres correm menor risco cardiovascular do que os homens. Isso é verdade, mas essa diferença não existe apenas para o período em que a mulher produz estradiol. Quando os ovários param de produzir o estradiol, o seu risco cardiovascular de imediato se torna tão alto quanto o dos homens. Isso ocorre quando os ovários ficam atrofiados e deixam de funcionar, e que as regras param, na menopausa. Esta é uma questão a ser levada a sério, uma vez que as mulheres são 10 vezes mais propensas a ter doenças cardíacas do que cancro da mama.

O terceiro órgão mais afetado pelo estradiol é a pele: o estradiol estimula fortemente o colagénio, que é a principal proteína da derme. Muito estradiol, é a garantia de uma pele espessa, macia, aveludada. As rugas aparecem quando há falta de estradiol.

Enfim, o estradiol aumenta a actividade das células produtoras de osso. É por isso que a osteoporose é comum após a menopausa.

A baixa de produção de estradiol sente-se imediatamente

O estradiol influência de tal modo o corpo e a mente, que qualquer baixa de produção sente-se imediatamente, de forma desagradável.

Pode começar com a idade de 40 anos e, infelizmente, os sinais são tão numerosos quanto os tecidos-alvo que necessitam de estradiol para funcionarem: entre os mais comuns, incluem-se as ondas de calor, insónias, ansiedade, perda de densidade óssea, perda de memória, depressão, ganho de peso, olhos secos, perda de cabelo, tonturas, e atrofia vaginal.

Esses fenómenos são reforçados por um fenómeno hormonal muito infeliz: quando o organismo deixa de produzir estradiol, começa a produzir outra hormona da família dos estrógenos, a estrona.

No entanto, grandes quantidades de estrona impedem o estradiol de se ligar aos receptores dos tecidos-alvo, agravando os sintomas da menopausa. Os efeitos são especialmente graves no cérebro, impondo a muitas mulheres um teste moral, terrível no momento da menopausa, quando as emoções, bem como as funções cerebrais são interrompidas.

A gota de água que faz transbordar o copo, aos 50 anos, estas alterações hormonais causam nas mulheres, o desaparecimento de 500 g de músculo por ano, convertidos em gordura.
Portanto, é vital que neste momento tenha profunda consciência de que não é você que tem um problema, mas é o seu corpo que luta com todas as suas forças para se adaptar a este novo ambiente hormonal. O evento é ainda mais brutal do que a queda de estradiol é rápida, por exemplo, quando os ovários são removidos cirurgicamente.

É possível tomar hormonas para apoiar a transição, permitir que o corpo se adapte, e limitar os efeitos desagradáveis ​​da menopausa.

A guerra da TSH

As contribuições das hormonas na menopausa, são conhecidas como "terapia de substituição hormonal" (TSH). As TSH têm uma reputação terrível, e entre os meios orgânicos é muito criticado, porque são acusados de aumentar o risco de cancro da mama.

Como eu não quero ser "espancado", por causa deste assunto ultra sensível, apenas vou aqui apresentar os números. Podem julgar por vós mesmo:

O caso teve origem em 2002, quando um grande estudo sobre TSH nos Estados Unidos, a Iniciativa da Saúde da Mulher, foi interrompido porque os investigadores encontraram uma taxa mais elevada de cancro da mama, nas mulheres que fizeram TSH, do que entre as mulheres que tomaram placebo.

Em cerca de 100 mulheres que participaram no estudo, no grupo que tomou placebo 1,5 declararam cancro da mama, e 1,9 no grupo que fez TSH.

Com suas calculadoras, os nossos brilhantes estudiosos, calcularam que o risco do cancro da mama era 34% maior com a TSH, um número e um efeito aterrador.

Isso justifica, segundo eles, interromper a experiência de emergência.

Pessoalmente, eu acho essa apresentação um pouco enganadora. Teria sido mais apropriado falar de um risco acrescido de 0,4% (1,9% contra 1,5%), uma taxa que, de repente, não é talvez tão significativa no plano estatístico.

Mas, como dizia Winston Churchill, existem três categorias de mentiras, as pequenas, as grandes e as estatísticas.


Manter um bom nível de estradiol, sem risco

Tenho a sorte de conhecer um dos maiores, se não a maior especialista do mundo em medicina anti-envelhecimento e terapia hormonal, Dr.Thierry Hertoghe, do qual vou falar.

Dr. Hertoghe recomenda às mulheres que ainda menstruam, que devem de  manter uma boa produção de estradiol atravésw da sua dieta: muitas proteínas e ácidos gordos de alta qualidade, um pouco de cereais, cafeína, e fibras. De facto, as fibras ligam-se ao estrogénio e promovem a sua eliminação do corpo.

Os melhores alimentos para o estradiol são: os ovos, o linguado, salmão, espinafres, atum e peito de frango.

De seguida, existem cremes de estradiol naturais, que podem ser usados em pequenas quantidades, porque são muito mais eficazes do que a terapia hormonal convencional.

Agora vou dar-lhe informações mais precisas sobre THS Bio-idênticos, mas cuidado, o propósito destas indicações, não é dar-lhe um protocolo completo.


Estas informações são dadas a título meramente indicativo e não devem ser usadas como auto-medicação. Mesmo "natural" e "bio-idêntico" a terapia  hormonal de substituição, não é um pequeno jogo químico de experimentar sozinha, sem supervisão médica.

A finalidade das informações seguintes, é só para lhe dar uma ideia do funcionamento da THS, para que possa ver que: 1) existe, 2) ter os elementos básicos para dialogar com o seu médico.

Não fique desapontada se achar esta informação muito curta:

De acordo com o Dr. Claude Dalle, outro médico especialista em medicina anti-envelhecimento, é impossível de todas as maneiras, dar recomendações de dosagem, porque tudo depende da cada situação particular.

Sob a supervisão do seu médico, deve começar com uma dosagem do seu estrógeno, e do relatório de estrógenos/estradióis, que devem ser de 2,5 ou menos. Os exames de sangue e urina são os preferidos, os testes salivares são pouco fiáveis.

Depois de conhecer a lacuna a ser preenchida, aplica a quantidade adequada de creme todos os dias. O creme é aplicado de manhã, porque tem um efeito energético. Deve de esfregar cerca de 10 vezes, activamente no interior dos braços ou pernas, na pele fina, e mudar o lugar cada dia. Este tratamento deve ser evitado por pessoas com cancro da mama e cancro de colo do útero.

A terapia hormonal não pára por aí: deve de ser complementado por outras hormonas, que actuam em interacção com o estradiol, principalmente progesterona.

Mais uma vez, é preciso progesterona natural bio-idêntica. O Dr. Claude Dalle aconselha, sob a supervisão do seu médico sempre, as seguintes recomendações, válido para um creme de progesterona doseado de 30 mg por um quarto de colher de café:

. mulheres na pré-menopausa: 1/8 a 1/4 colher de café por dia na segunda parte do ciclo;

. mulheres na pós-menopausa: 1/8 a 1/4 colher de café por dia;

. mulheres com osteoporose: 1/8 a 1/4 de colher de café, duas vezes por dia.


Finalmente, existem tratamentos por via oral, que podem ser preferíveis porque o creme é por vezes mal absorvido: a dosagem é melhor controlada com grânulos de progesterona e tomar igualmente por prescrição médica.

No entanto, na medida em que as terapias hormonais naturais são uma das principais chaves da medicina natural, e os seus efeitos contra o envelhecimento podem ser significativos, quando são bem usados, e não apenas por mulheres que atravessam a fase da menopausa, vamos publicar uma série especial dedicada às terapias hormonais muito mais completa.

À vossa saúde!

Texto original: Jean-Marc Dupuis
Tradução e adaptação: Eugénia Gomes

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