A canela provém de uma árvore tropical, a caneleira, Cinnamomum zeylanicum, originária do Sri Lanka (antigo Ceilão). Esta especiaria, sobejamente conhecida no nosso país, é obtida da casca desta árvore. É retirada uma primeira camada do tronco para obter uma segunda casca mais macia que é cortada em pedaços. À medida que esses pedaços secam vão enrolando as pontas, formando pequenos canudos, dando origem ao pau de canela.
A utilização desta especiaria é milenar, tanto medicinalmente como na culinária. Era usada na medicina tradicional chinesa e os antigos egípcios usavam-na também para embalsamar as múmias, por ser um conservante. A canela era mais preciosa que o próprio ouro, levando os povos a explorar novas terras para a obter. Foram exemplo disso os portugueses e os holandeses na era dos Descobrimentos. Rezam os contos e as histórias populares que possivelmente, tivesse existido um quarto rei mago transportando um baú com canela...
Actualmente, a sua utilização (em pau ou pó) é muito comum, principalmente na doçaria. Em alguns países do Médio Oriente e do Norte de África é usada para temperar pratos de carne. Usa-se também para aromatizar bebidas como o vinho quente, o chocolate, licores, café, chá, etc. Por vezes, a autêntica canela é confundida com a “cássia” (Cinnamomum cassia), uma outra variedade mais amarga e intensa, conhecida como “canela da China”, porém de qualidade inferior.
A verdadeira canela é adocicada, suave, discreta, mas quente e poderosa… Talvez por isso seja considerada afrodisíaca, embora a falta de provas científicas leve a crer que possivelmente actue por sugestão.
No que respeita às propriedades, a casca da caneleira contém óleo essencial, cujo constituinte principal é o aldeído cinâmico, juntamente com eugenol, metilamilcetona e sesquiterpenos. Contém ainda diterpenos policíclicos, antocianósidos, amido, açúcares, um tanino e mucilagem. A acção destas substâncias confere-lhe propriedades digestivas, carminativas, de tónico estomacal e aperitivas, ou seja, produz um aumento do apetite e melhora a função digestiva em geral.
Assim, pode ser benéfica em casos de inapetência, náuseas, enjoos, digestões lentas e difíceis, flatulência e diarreia. Tradicionalmente a canela é utilizada na preparação de bebidas para ajudar a aliviar gripes e constipações. O óleo essencial possui uma forte actividade antibacteriana e antifúngica, especialmente nos aparelhos digestivo e urinário, pelo que é usado em cosméticos para a higiene íntima.
De acordo com estudos recentes, apenas meia colher de chá de canela por dia reduz de forma significativa os níveis de açúcar no sangue em diabéticos. Esta descoberta surgiu por acaso, quando pesquisadores estudavam os efeitos que os alimentos comuns têm nos níveis de açúcar no sangue. Ao estudar a tarte de maçã, que normalmente é elaborada com canela, esperavam-se maus resultados.
Contudo os resultados foram positivos, devido à presença da canela. Esta especiaria demonstrou aumentar o metabolismo da glucose, incrementando a libertação de insulina, o que influencia também o metabolismo do colesterol. Obviamente, não se recomenda a ingestão acrescida de doces só porque têm canela... Não esqueçamos que a maior parte deles tem muito açúcar e gordura.
Porém, da próxima vez que comer arroz doce ou pastéis de nata não poupe na canela. E, sempre que possível, acrescente-a aos alimentos que habitualmente consome. Este mesmo efeito pode também ser obtido ao usar um pau de canela no chá.
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